domingo, 10 de março de 2013

Colóquio sobre a paz nas escolas


Momento de discussão e depoimentos de pessoas humanizadas com a causa da violência nas escolas. — em Escola Municipal Presidente Tancredo Neves


Manifesto

MANIFESTO:


O propósito desse Colóquio hoje é inaugurar um ano de conversas entre a comunidade escolar e interessados no desenvolvimento social e na qualidade de vida de nossas crianças. No ano de 2012, as ações do Colegiado Escolar e as indignações do professorado nos levaram à redação de uma “Carta às autoridades” solicitando alterações na relação hoje estabelecida entre os diversos setores sociais e a escola. Exigimos o nosso reconhecimento enquanto instituição educacional e não apenas instrucional ou paternalista. Por instrucional entendemos uma educação que apenas transmite conteúdos. Por paternalista, aquela que se preocupa apenas com a assistência do aluno: colocá-lo dentro do prédio escolar como se isso fosse suficiente para tirá-lo das ruas, alimentá-lo e mantê-lo “ocupado” enquanto os pais trabalham pela nação. Desejamos, ao contrário disso tudo, educar os alunos: trazer a eles conhecimentos diversos que, apesar de nem sempre serem prazerosos, são necessários à formação intelectual. Discutir com eles assuntos inúmeros que constroem valores de vida e formam o caráter.


Porém, como fazer isso quando:


- Nosso piso salarial e carga horária não são cumpridos?


- Podemos ter, no ano de 2012, inúmeras adolescentes grávidas, mas somos denunciados na televisão se passamos um desenho animado educativo de educação sexual exibido na TV escola?


- Podemos ser sistematicamente xingados, humilhados, ameaçados e agredidos fisicamente por alunos e pais todos os dias, mas se há qualquer suspeita do contrário, viramos capa de jornal?


- Perdemos nossa faixa e sinal próximos da escola, nossa rampa de acesso à quadra e nosso direito de entrar e permanecer em um estacionamento que faz parte da planta da escola, mas cuja entrada exige manobras arriscadas e cujo pátio hoje exibe riscos às crianças que aguardam o início das aulas. Lembramos ainda que, apesar de quase quarenta anos , nunca existimos enquanto escola no bairro, pois ao contrário de particulares que aqui coexistem, não temos sequer placas indicativas de “cuidado escola”.


Queremos autonomia para educar nossas crianças para que: quando destruam o patrimônio, sejam obrigadas a repará-lo sem que isso configure “humilhação pública”. Quando agridam colegas ou professores sejam acompanhados por uma equipe de profissionais e remanejadas de escola para que, ao contrário de aprender o que é impunidade e injustiça, percebam que causar dor nos outros traz, pelo menos, o afastamento do agressor de suas vítimas.


Queremos que nossos pedidos por auxílio a alunos usuários de drogas, suicidas, explorados sexualmente não sejam arquivados em fichas, filas, sempre na dependência de Ongs ou outras entidades de assistência, nunca reconhecidos pelo poder público. Não há uma rede de psicólogos, assistentes sociais, ou mesmo médicos especializados para o trabalho com escolares – temos que ser todos esses na escola. Isso é absurdo!


Se a função de Conselheiros tutelares é arrumar vagas para os alunos fora da escola - não precisamos deles, porque os alunos já se encontram na escola: provocando indisciplina, brigando, roubando, ameaçando, fazendo tráfico de drogas, assédio moral ou sexual - e polícia não é permitida em escola. Esses alunos impedem as aulas, adoecem ou expulsam os professores, e quem paga a conta são os demais alunos, que desejam estudar.


SE A ESCOLA TEM QUE SER PARA TODOS, EXIGIMOS QUE TODOS SEJAM PELA ESCOLA! Queremos auxílio dos pais, da polícia, do Conselho Tutelar, da Vara da Infância, dos moradores do bairro (a escola tem que ter a cara do bairro – comunidade educada, escola de qualidade), do Posto Médico, da Universidade, da Secretaria de Educação e demais secretarias municipais, do Departamento de trânsito, das entidades sociais (representantes de bairro, Igrejas), do Prefeito e de seus Vereadores. A educação TAMBÉM é responsabilidade de vocês!



Manifesto Direção e Colegiado Escolar


EMP Tancredo Neves – Juiz de Fora/MG